Quase um terço das 20 amostras recolhidas pelos ambientalistas da Quercus em 14 dos principais rios e ribeiras portugueses revelaram má qualidade da água, anunciou esta quarta-feira aquela associação, escreve a Lusa.
As amostras foram recolhidas na semana passada em vários pontos de 14 rios e ribeiras de norte a sul do país, tendo em vista confirmar os maus resultados de qualidade que já fazem tradição em Portugal e assinalar o Dia Nacional da Água que se celebra, esta quarta-feira.
Duas praias fluviais interditas Portugueses preocupados, mas pouco informados
Os resultados são muito maus e confirmam o que tem sido divulgado pelas autoridades nos últimos anos, afirmou à agência Lusa o presidente da Quercus, Hélder Spínola.
O rio Tejo, a jusante da barragem de Niza, foi o pior resultado registado, com a classificação de água «muito má». Mas a montante da barragem a qualidade da água também era «má», assim como a do rio Ave (Vila do Conde), no Sado (Santa Margarida do Sado), na Ribeira Quarteira (Paderne) e no rio Mira (Odemira).
A estas seis amostras de má ou muito má qualidade, juntam-se outras oito com qualidade «razoável»: rios Tâmega, Douro, Mondego, Alcabrichel, Tejo junto a Alhandra, Sado próximo de Alcácer do Sal e Ribeira Vidigão (Vila Verde de Ficalho).
Qualidade boa só foi obtida no rio Corgo (Vila Real), Vouga (S.Pedro do Sul), Tejo em Constância e Guadiana (Serpa).
Das 20 amostras, só duas conseguiram obter uma qualidade de água excelente, nos rios Tâmega (Amarante) e no Zêzere (Constância).
Qualidade ainda é baixa
A Quercus recolheu apenas uma amostra em cada um destes rios. «Reconheço que não é um estudo completo, que para o ser deveria ter mais amostras. Mas isso implica uma logística que a associação não possui», adiantou Heldér Spínola.
Mas os resultados desta amostragem vão ao encontro do que o próprio Instituto da Água tem revelado nos últimos anos, ao reconhecer que a qualidade da água tem ainda níveis muito baixos em Portugal.
«Os principais focos de poluição continuam a ser os esgotos domésticos, que não têm ou têm um tratamento deficiente, o abandono de resíduos que contamina as linhas de água e as escorrências de campos de cultivo por se usarem pesticidas em excesso», explicou.
Para a Quercus, o «estado normal» dos rios portugueses deveria significar uma prevalência da qualidade boa e não da razoável, como acontece actualmente: «A má ou muito má qualidade deveria acontecer em casos pontuais. É preciso tomar medidas urgentes para travar os focos de poluição», defendeu
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Doenças e mortes causadas pela água poluída, falta de água e falta de saneamento básico
Dando continuidade às reflexões da Semana da Água, seguem alguns dados sobre doenças causadas pela água contaminada, pela falta da água e pela falta de saneamento básico.
Doenças:
Hepatite infecciosa - Chamada de hepatite tipo A, é uma infecção viral que atinge o fígado. Ela pode ser contraída pela ingestão de água ou alimentos (especialmente frutos do mar) ou banho em águas contaminadas. A hepatite tipo A é geralmente uma doença benigna, que exige apenas repouso para o restabelecimento, mas, em alguns casos, pode vir na forma de uma infecção fulminante, que provoca insuficiência hepática e mata em duas a três semanas.
Hepatite infecciosa - Chamada de hepatite tipo A, é uma infecção viral que atinge o fígado. Ela pode ser contraída pela ingestão de água ou alimentos (especialmente frutos do mar) ou banho em águas contaminadas. A hepatite tipo A é geralmente uma doença benigna, que exige apenas repouso para o restabelecimento, mas, em alguns casos, pode vir na forma de uma infecção fulminante, que provoca insuficiência hepática e mata em duas a três semanas.
Febre tifóide - A bactéria Salmonella typhi penetra no aparelho digestivo junto com água e alimentos. É comum a contaminação em águas de enchentes que tiveram contato com esgotos. Os sintomas são febre pouco elevada, mas que vai aumentando aos poucos, dor de cabeça, língua seca e saburrosa e discreto inchaço do baço. A partir da segunda semana de infecção, pode haver complicações como pneumonia, apendicite aguda e perfuração intestinal, com intensa hemorragia e anemia aguda. A prevenção pode ser feita com vacina específica.
Diarréia infantil - É a principal causa de mortalidade em lactentes nos países do Terceiro Mundo. Na região Nordeste do Brasil, por exemplo, a mortalidade infantil está entre as mais altas da América Latina, ultrapassando 14% durante os primeiros cinco anos de vida. A diarréia é, na realidade, um sintoma da contaminação por vários microorganismos, como amebas (que provocam a chamada disenteria amebiana), as bactérias do grupo Shigella (responsáveis pela disenteria bacilar) ou os tipos enteropatogênicos da bactéria Escherichia coli. A perda de água intensa provoca rápida desidratação, levando à morte. O tratamento da água com cloro, que é um poderoso bactericida, amamentação materna pelo menos até os seis meses de idade, e, no caso de contaminação, a rápida reidratação com soro, podem evitar o alto índice de mortalidade por essas doenças.
Esquistossomose - Vários parasitas intestinais podem ser transmitidos pela água, como o áscaris (lombriga), ou giárdia. Em geral, essas doenças provocam cólicas abdominais e diarréia que, mesmo quando não muito intensa, pode levar ao enfraquecimento da pessoa. Dentre essas parasitoses, uma das mais preocupantes é a esquistossomose, doença de notificação compulsória junto às autoridades sanitárias do país. Ela é causada pelo parasita Schistosoma mansoni: o homem infectado elimina os ovos do Schistosoma pelas fezes. Na água, esses ovos eclodem, liberando uma larva denominada miracídio, que infecta caramujos de água doce. Após quatro a seis semanas, o caramujo começa a liberar milhares de larvas chamadas de cercárias, que ficam livres nas águas. As cercárias entram no homem pela pele. Por isso, quem nada, pesca ou lava roupa em águas contaminadas está arriscado a contrair a doença.
Cólera - Causada pelo bacilo Vibrio cholerae. Os principais sintomas são diarréia intensa, vômitos, cãibras musculares e cólicas intestinais. Se não tratada a tempo, a desidratação intensa pode matar. A cólera é transmitida principalmente por água contaminada pelos vômitos e fezes dos doentes e, por tabela, pode ser transmitida por alimentos crus que tiveram contato com essas águas. Para evitar a doença, devem-se lavar os alimentos crus, como frutas, legumes e verduras, em água limpa e colocá-los de molho por meia hora em um litro de água com uma colher de sopa de vinagre.
Leptospirose - Doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira ssp. O rato é o principal transmissor da doença, pela urina. Assim, os locais com esgotos e lixões a céu aberto são os mais ameaçados, pois a urina dos ratos que habitam esses locais contamina córregos e rios. Na época das chuvas, o grande perigo é o contato com alagamentos. A bactéria penetra em lesões (ainda que microscópicas) da pele. Os sintomas costumam aparecer cerca de 5 a 15 dias após a exposição: febre alta, dores no corpo, especialmente uma característica dor na panturrilha (batata da perna), dores de cabeça, conjuntivite, vômitos, manchas na pele. Os casos mais graves podem evoluir para meningite ou encefalite, levando à morte. Previne-se a doença com medidas de higiene e saneamento: eliminação do lixo a céu aberto, desratização, armazenagem correta de alimentos em locais à prova de roedores. Também devem-se evitar o contato com água e lama de enchentes.
Sem contar que, hormonios sintéticos que são despejados nas águas dos rios, estão diminuindo a fertilidade masculina.
As reservas de água no mundo todo estão se esgotando, seja pelo consumo excessivo e sem regras ou pelo disperdício, e as reservas que restão correm riscos de contaminação.
Agrotóxicos utilizados em lavouras podem penetrar no solo e atingir os lençois de água, causando poluição e tornando essa água inadequada para consumo com o tempo.Portanto de prefrência aos vegetais que vêm de lavouras onde não se utiliza agrotóxicos.
Além de ser melhor para a sua saúde, você não estará incentivando uma prática que pode causar danos irreversíveis no futuro.
Mortes:
A falta de saneamento básico e a falta de acesso à água potável são causadores de aproximadamente 3,5 milhões de mortes por anor em todo o mundo.
1,4 milhão de crianças morrem em todo o mundo por diarréias.Causada pela água contaminada além de claro não ter água apropriada para tomar e evitar a morte por causa da diarréia.
Além das mortes causadas pela diarreia, as mortes são causadas por infecções intestinais devido ao consumo de água contaminada, além das doenças já vistas acima que são causadas pela falta de saneamento.
10% dessas mortes poderiam ser evitadas se houvesse acesso à água apropriada para consumo, saneamento e higiene.
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Água contaminada mata 13,500 mil crianças
A água imprópria para consumo ainda mata na Europa. Todos os anos, no velho continente, 13 500 crianças, com menos de 14 anos, morrem com doenças associadas a água contaminada, nomeadamente com diarreia.
Para alterar este cenário, entrou em vigor, na passada quinta-feira, o protocolo Água e Saúde, um instrumento internacional de prevenção, controlo e redução de doenças provocadas por água sem qualidade. Dezasseis países ratificaram o documento, aprovado em 1999. Portugal não inclui ainda o rol de signatários, embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros tenha já iniciado o processo.
Marc Danzon, o representante da Organização Mundial de Saúde (OMS), na Europa, considerou a entrada em vigor do protocolo Água e Saúde "uma data significativa para a saúde pública", pois trata-se do "primeiro instrumento de cooperação internacional na luta contra as doenças originadas pelo consumo de água contaminada".
Segundo dados da OMS, 16 % da população do continente europeu, equivalente a 140 milhões de pessoas, não têm acesso a sistemas de abastecimento e tratamento de água, enquanto 85 milhões - 10% dos europeus -, continuam privados de redes de saneamento.
Em Portugal, os números são mais animadores. No que diz respeito a saneamento básico, 68 % da população encontra-se ligada a redes de drenagem, apesar de apenas 46% ver os seus esgotos tratados, o que representa, respectivamente, 6,8 e 4,6 milhões de indivíduos. Quanto ao abastecimento de água, 90 % dos portugueses - nove milhões de pessoas - tem acesso a redes de água potável. No entanto, existem numerosos aglomerados, com baixos índices populacionais, onde a água que bebem não provém da rede pública, sendo muitas vezes consumida com perfeito desconhecimento da sua qualidade.
No total do continente europeu, embora 877 milhões de indivíduos tenham acesso a água em condições para consumo, ainda há 41 milhões (5% da população) sem acesso assegurado a água potável. De acordo com os dados da OMS, estes indicadores dizem respeito, maioritariamente, aos países da Europa de Leste.
É nos países em vias de desenvolvimento que a água, ou a falta dela, se apresenta como um problema de sobrevivência para milhares de pessoas e, sobretudo, para as crianças. Na faixa etária entre os seis meses e o ano de idade, um período muito vulnerável, em termos imunitários, as taxas de doenças infecciosas provocadas pela falta de qualidade da água assumem proporções preocupantes.
Nos países africanos, em que a SIDA mata de forma descontrolada, muitas mães vêem-se perante um dilema amamentar e transmitir a doença ou dar leite em pó e pôr a vida dos filhos em risco, devido à ingestão de água contaminada.
Doenças como a cólera, a malária, infecções intestinais matam milhares de pessoas todos os anos. Outras maleitas, não mortais, podem provocar incapacidades. É o caso do traucoma, uma doença da visão, provocada por uma bactéria contraída ao lavar o rosto. No mundo, existem 500 milhões de pessoas em risco, mas 146 milhões estão, neste momento, à beira da cegueira.
As diarreias, incluindo a cólera, provocam a morte a 1,8 milhões de pessoas todos os anos, a maioria das quais crianças com menos de cinco anos. Também a malária continua a vitimar impiedosamente. Todos os anos, a doença do mosquito, que se reproduz nas águas paradas, tira a vida a 1,3 milhões de cidadãos. Destes, 90%, ainda não atingiram os cinco anos de vida.
A pobreza continua a ser uma das principais ameaças à saúde pública. No Bangladesh, entre 28 e 35 milhões de pessoas bebem água com elevados níveis de arsénio. A contaminação por arsénio das águas subterrâneas está registada, ainda, no Chile, China, Índia, México, Tailândia e Estados Unidos.
A partir de agora, os países subscritores do protocolo Água e Saúde têm à sua disposição um instrumento que visa permitir o acesso de todos a água potável e saneamento, que poderá evitar milhares de mortes por ano - no terceiro mundo, mas também numa Europa que se considera civilizada.
Estas imagens são exemplops de crianças a beberem água contaminada.
Para alterar este cenário, entrou em vigor, na passada quinta-feira, o protocolo Água e Saúde, um instrumento internacional de prevenção, controlo e redução de doenças provocadas por água sem qualidade. Dezasseis países ratificaram o documento, aprovado em 1999. Portugal não inclui ainda o rol de signatários, embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros tenha já iniciado o processo.
Marc Danzon, o representante da Organização Mundial de Saúde (OMS), na Europa, considerou a entrada em vigor do protocolo Água e Saúde "uma data significativa para a saúde pública", pois trata-se do "primeiro instrumento de cooperação internacional na luta contra as doenças originadas pelo consumo de água contaminada".
Segundo dados da OMS, 16 % da população do continente europeu, equivalente a 140 milhões de pessoas, não têm acesso a sistemas de abastecimento e tratamento de água, enquanto 85 milhões - 10% dos europeus -, continuam privados de redes de saneamento.
Em Portugal, os números são mais animadores. No que diz respeito a saneamento básico, 68 % da população encontra-se ligada a redes de drenagem, apesar de apenas 46% ver os seus esgotos tratados, o que representa, respectivamente, 6,8 e 4,6 milhões de indivíduos. Quanto ao abastecimento de água, 90 % dos portugueses - nove milhões de pessoas - tem acesso a redes de água potável. No entanto, existem numerosos aglomerados, com baixos índices populacionais, onde a água que bebem não provém da rede pública, sendo muitas vezes consumida com perfeito desconhecimento da sua qualidade.
No total do continente europeu, embora 877 milhões de indivíduos tenham acesso a água em condições para consumo, ainda há 41 milhões (5% da população) sem acesso assegurado a água potável. De acordo com os dados da OMS, estes indicadores dizem respeito, maioritariamente, aos países da Europa de Leste.
É nos países em vias de desenvolvimento que a água, ou a falta dela, se apresenta como um problema de sobrevivência para milhares de pessoas e, sobretudo, para as crianças. Na faixa etária entre os seis meses e o ano de idade, um período muito vulnerável, em termos imunitários, as taxas de doenças infecciosas provocadas pela falta de qualidade da água assumem proporções preocupantes.
Nos países africanos, em que a SIDA mata de forma descontrolada, muitas mães vêem-se perante um dilema amamentar e transmitir a doença ou dar leite em pó e pôr a vida dos filhos em risco, devido à ingestão de água contaminada.
Doenças como a cólera, a malária, infecções intestinais matam milhares de pessoas todos os anos. Outras maleitas, não mortais, podem provocar incapacidades. É o caso do traucoma, uma doença da visão, provocada por uma bactéria contraída ao lavar o rosto. No mundo, existem 500 milhões de pessoas em risco, mas 146 milhões estão, neste momento, à beira da cegueira.
As diarreias, incluindo a cólera, provocam a morte a 1,8 milhões de pessoas todos os anos, a maioria das quais crianças com menos de cinco anos. Também a malária continua a vitimar impiedosamente. Todos os anos, a doença do mosquito, que se reproduz nas águas paradas, tira a vida a 1,3 milhões de cidadãos. Destes, 90%, ainda não atingiram os cinco anos de vida.
A pobreza continua a ser uma das principais ameaças à saúde pública. No Bangladesh, entre 28 e 35 milhões de pessoas bebem água com elevados níveis de arsénio. A contaminação por arsénio das águas subterrâneas está registada, ainda, no Chile, China, Índia, México, Tailândia e Estados Unidos.
A partir de agora, os países subscritores do protocolo Água e Saúde têm à sua disposição um instrumento que visa permitir o acesso de todos a água potável e saneamento, que poderá evitar milhares de mortes por ano - no terceiro mundo, mas também numa Europa que se considera civilizada.
Estas imagens são exemplops de crianças a beberem água contaminada.
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